A crise passa, os imóveis ficam!
Luiz Augusto Pereira de Almeida
Há uma peculiaridade da cultura dos brasileiros que expressa imensa lucidez na gestão dos bens familiares: investir em imóveis como garantia de renda perene. A grave crise, que parece estar chegando ao fim, referendou a sabedoria contida nesse tradicional costume de nossa gente e deixou uma lição importante para a preservação patrimonial: quando tudo é incerto, invista no concreto, evite especulações e não acredite no pote de ouro no fim do arco-íris.
As pessoas que, ao longo desses anos de dificuldades, conseguiram preservar seus imóveis, de moradia ou para renda, ganharam muito, numa visão de médio e de longo prazo. A desvalorização média desses bens, num momento de oferta maior do que a capacidade de compra de uma sociedade descapitalizada, será rapidamente superada, a partir da retomada do crescimento do PIB, desencadeada timidamente em 2017, mas que deverá ser maior em 2018 (acima de 2%) e ainda mais acentuada a partir de 2019. Aqueles que, além de manterem o que tinham, conseguiram comprar imóveis nesses anos recessivos terão ganho ainda maior, pois certamente os venderão por preço mais alto a partir de agora ou obterão deles uma renda mensal em forma de aluguel.
Há que se considerar, ainda, que, mesmo na crise, muitos imóveis não tiveram abalo expressivo em seu valor. Refiro-me àqueles localizados em áreas bem urbanizadas, com boa infraestrutura, disponibilidade de transportes, em especial o metrô, comércio e escolas. Há alguns fatores na composição do preço de um imóvel que acabam se sobrepondo à conjuntura econômica. A lógica da lei da oferta e da procura observa-se muitas vezes nos limites de um bairro, ou de uma rua. Se naquele lugar específico muita gente quer comprar, os valore sobem, independentemente da recessão.
O investimento em imóveis é sempre muito seguro. A casa, o apartamento ou o espaço comercial sempre estará lá, firme e forte, independentemente de recessões, oscilações das bolsas de valores, colapso de fundos de pensão, falência de empresas, crises e instabilidades políticas, especulações do capital, câmbio, fluxos e refluxos do movimento internacional de dinheiro e todos os caprichos da economia e de uma civilização cada vez mais imprevisível.
As lições que a crise econômica nos deixa são importantes. Construir um patrimônio, independentemente se grande, médio ou pequeno, representa a luta de toda uma vida de trabalho. Não se pode, portanto, colocá-lo em risco. Sem desmerecer investimentos financeiros, em especial os ofertados por instituições reconhecidamente sérias, nada é mais seguro do que um imóvel. Em tempos bicudos como os que vivemos, surgem "promessas" como a da bitcoin, moeda virtual que tem movimentado milhões de dólares, e bancos/financeiras que oferecem rendimentos estratosféricos, que acabam sendo liquidados pelo Banco Central, mas depois de causar imensos prejuízos.
Não existe mágica em investimentos. Há, sim, o milagre do trabalho e do bom senso na aplicação do dinheiro dele resultante. Felizmente, a maioria dos brasileiros sabe disso há muito tempo!
*Luiz Augusto Pereira de Almeida é diretor da Fiabci/Brasil e diretor de Marketing da Sobloco Construtora.